Pensamento do dia

"A arte é uma mentira que fala a verdade!" (Pablo Picasso)

domingo, 31 de outubro de 2010

Doramor

(Amor) É ferida que dói e não se sente
CAMÕES

Não sei quem com a palavra dor
Fez a possibilidade da rima com amor
A vida é dor e amor?
É  valor e cor?

Mas busco na síntese fixar-me apenas na cor...
Ah... que ela não há sem valor!
É o longe e o perto
A distância do deserto...
A busca pelo certo...
Todavia - pergunta meu ser, desperto -
Quem rimou doramor?

Jonas Furtado
(Publicado na Antoplogia de Poesia Celeiro de Escritores LITERATUS - SP: 2012)

domingo, 21 de março de 2010

Febre

Há uma explicação...
Deve ter sido muito sol
A brincadeira foi demasiada
Chegou ao limite e não parou

Dói todo o rosto
E todo o corpo queima de sol
A cabeça dói
E o calafrio aumenta
Me cala esse frio

Mas que saudade de voltar!
Voltar ao domingo passado
Que me deixou tão pesado...

As ondas na praia me chamam
Os ventos andantes do litoral me chamam
O Sol escaldante... chama
Chama que no corpo inflama

A pele descasca – nada tão mal
A vontade escapa e divaga em vão
Tudo arde e há um frio
Melhor ficar com o lençol a explicação
...
Isso provoca o tempo
                      o fio
                      o navio
A febre vai passar... viu!

Copyright by Jonas Furtado

quarta-feira, 3 de março de 2010

Inverno



Chove
Faz frio
Minha alma se molha
E rola em mim
Como trovão – silencioso

Lá fora
As casas lembram roupas enchumbradas
Máquinas paradas...
Muros e cercas nada sussurram
Na quietude dos pingos deslizando
Batendo e xingando...

O céu – um imenso caroço de açaí cinzento
E o sol se esconde por cima dele na fina chuva incessante

É inverno
E chove
Faz frio
Molha-me com precisão
Esta longa e melódica estação.
Copyright by Jonas Furtado

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Canção do sábado chuvoso



 

Está chovendo
Estou escrevendo
Sapo cantando
Algo passando

Rua escorregadia
A chuva vai fazendo
O frio que arrepia
Minha caneta escrevendo

Sábado chuvoso
Água de chuva apanhei
No rosto brioso
Água de chuva chorei.

Copyright by Jonas Furtado

domingo, 21 de fevereiro de 2010

The cloud


A menina passa na rua
E a rua, e a rua não é minha

O coração está sereno
E a alma quer encontrar a paixão?

A vida inteira...

Quero ficar longe do chão
E atrás daquela nuvem
Vou me deparar com a paz (profunda)

A menina passa na rua
E a rua, e a rua é dela
O coração está batendo e é dela
E a alma beija os lábios de um amor... (sem fim)?

A vida inteira...

Quero correr atrás de um sonho
E, ao encontrar, me esquecer
Outra vez...
Copyright by Jonas Furtado

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Aula sobre as plantas


Das plantas amigas sou um alegre coração
Digo quando ouço da professora a explicação
“Porque servem para nossa alimentação
E de bebidas e sucos a fabricação...”

“As flores, as casas e os jardins enfeitam
As árvores...” que madeiras nos enleitam...
“... e fibras para a fabricação de tecido...”
Assim o texto “Plantas amigas”, já lido,

Ensina, em uma brincadeira de classe,
Amontoados discentes. Se falasse
O meu coração neste ensejo estagiário

Diria de amigão que das plantas em horário
Com batidas, sou, de congratulações
Um relógio que por elas bate emoções...


Copyright by Jonas Furtado

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Soneto da estrela cadente


Ao meu lado uma louca estrela
Amanheceu esbelta – ao vê-la
Coração disparou contente
Meu dia ficou diferente

Ela quis brilhar por encanto
Ela quis me dar sem espanto
Sua luz – logo me envolveu
_Uma estrela me amanheceu

E admirei os olhos ermos
E aceitei seus meios termos
Era mesmo uma estrela bela...

Agora... que fim levou ela
Pergunto-me em vão neste cais
Por que não ouço mais seus ais...?
Copyright by Jonas Furtado

Como um sol triste


Vi uma estrela pequena
Ela me sorriu dourado...
Se me conhecia... eu também

Um sol lindo que há tanto não via...
Cabelos soltos compridos
Corpo envolto de uma áurea transparente
E o rosto entre sorrisos

Lançou um beijo – beautiful smile
E acertou em mim como tímida brisa

O entusiasmo de revê-la foi disfarçado
No momento em que parentes seus surgiram

Mas era o meu sol
Por quem o coração acelerado batia
E a memória não esquecia
Já tantos versos pela caneta chorados...
...
Olhei mais uma vez
Num gesto acabrunhado
Sorrindo, de leve acenei
E lento caminhei como um sol esperançado... 

Copyright by Jonas Furtado

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Voo contemplativo

há muito tempo posso voar
brinco com as nuvens e sigo o sol
que quer se esconder atrás do mar
voo por cima dos mares – contemplo o mundo

agora voarei fora do mundo
verei coisas misteriosas de grandezas infindas
espantar-me-ei ao vislumbrar o universo


um universo imaginário ...





Copyright by Jonas Furtado

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os xis



X, incógnita de problemas mil...
De lemas – dilemas -  trilemas

O X do sistema de governo
E da pena de morte...

O X da criança abandonada
Pena da sorte...

O X dos aposentados
Apenas desapontados!

O X dos meios de transporte...
O X do meio ambiente – morte...

(O X da emancipação de Icoaraci
Como de Itaguari)...

X, uma grandeza qualquer
Questão filosófica (ou de ótica)

Tiramos de letra os Xis do mundo?
Eis o X da questão!

Copyright by Jonas Furtado (1992-3)

Senhoritane



Na aurora do meu bem-querer
Pequeno vazio sentia meu peito
E como o meu sentir agora
Tu apareceste e houve flerte

E tal qual o encanto em mim já feito
Desde então meu coração afora
Negou-me, Senhoritane, em t’esquecer

Encheste de ti e não julgavas saber
Do coração que me era ignorado
Do sonho que não me era sonhado
Por ter sido infantil meu perceber

E então, só eu sabia...
Adiando fiquei o dia
Pra te dizer que tanto te “tenho”
Só em mim palavra minha dizia:
“Sonhando-te há tanto venho”

Se houver mal que fiz contra mim
Perdão eu peço pelo menos, então
Porque me neguei o meu sim
Contudo, forte houve a hesitação

Vendo-te, Senhoritane, agora sei
O quanto sentimento eu não busquei
E na minha infantilidade
Não pensei que mudarias de cidade

Ainda agora insiste o coração em trança
Em te amar, por não te ter beijado talvez
E se te amei, foi Deus que assim me fez?

O rosto teu que imagino criança
Amava a inocência, seu próprio rito
Os teus cabelos, me lembro: me atraem
Como o mar, inseparável amigo
Olhando nuvens espelhadas que se esvaem
E cismando, ficando ele nesse artigo

Do teu passar por mim... Seria timidez?
Escondia-me para não te olharem
Meus olhos que já te eram fitos
Eles (ou)viram do coração a mensagem
Que tanto me fazia querer-te
Vinha desses lados a aflição
Que tanto me queria em sonhar-te

Contenho-me de outrora o coração
Haverá de tocar a minha boca a tua...
É por não ter esse tempo esquecido
Que ainda te não hei sumido

Os dias, hoje, que raramente te vejo
Provam a verdade escrita
E que ainda almeja meu coração em teus lábios
Um beijo, e em tua vida
Minha alma aspira escondida...

Mas não adianta, Senhoritane
É a vida que de sonhos (talvez) viva...
Não há consolo, quiçá esperança
Daquela aurora já rala e divisa?

Copyright by jonas Furtado (1992-3)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Minha canção... assim

Minha canção está voando
E em teus ouvidos quer chegar
Ela vai correndo na chuva
Que quer e vai te molhar

Minha canção é assim
Fala do sol e da lua
Fala de ti e de mim
Sai alegre causando espanto
É chuva que disfarça meu pranto
E molha o rosto mais por encanto

Minha canção - quase infinita
É para se espalhar que canta
É para te encontrar que levanta
E vai falando de amor e encanta

Minha canção... assim
Melodicamente me leva
Para um lindo e infinito jardim

...
Copyright by Jonas Furtado (do livro "O poeta")

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Poética romântica


Eu quero cantar agora com lira
Que lirismo tem a modernidade
Esse tempo nos passa bem mentira
Sou romântico – vivo só saudade

Dessa tribo... cheio estou da batida
O que vejo não posso contra, sei
Serei cavalheiro a me perder na ida
De um gozar de amor do qual morrerei

Mas não quero ficar só meditando
Essa ante-filosofia sem fim
Quero a virgem que se perdeu de mim

Chega de ficar assim só sonhando
Que me seja permitido um fim:
Viver outro tempo... tin por tin-tin.

Segredos nas ondas


Que segredo desconhece
Agora meu coração
Até o sol que amanhece
Vem e traz uma canção!

Que segredo desconhece
Esse tal barco nas ondas
Tal barco que n’esmorece
E tu, coração, que estrondas?

Segredo que ignora tudo
Medo que é meu e não mudo
E não sabe se conhece

Nem se me desaparece
Por que quero ficar aqui

E navegar para ‘li?